Apreensivos em relação ao desemprego, muitos profissionais estão aceitando oportunidades de trabalho fora de suas áreas, e inclusive com exigências e salários menores. Isso porque, diante da atual situação política e econômica do Brasil, o mercado de trabalho tem sofrido, com reflexos nas vagas e no perfil dos candidatos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego cresceu, só nos primeiros três meses de 2016, para 8,5%, considerada a média do ano passado.
Como resultado, muitos profissionais, contrariando sua própria vontade, estão se submetendo a oportunidades de trabalho para receber abaixo de sua categoria. De acordo com Sergio Rodrigo de Souza, coordenador de RH da Santillana Brasil, essa decisão deve ser bem avaliada. “Naturalmente, ninguém quer ficar sem trabalhar, mas, por estar muito tempo fora do mercado, o profissional acaba aceitando. O que deve, no entanto, ser avaliado, é se realmente vale a pena reduzir em até 50% o salário que se tinha”. Para ele, a opção pode impactar no momento de buscar nova oportunidade para ganhar o valor habitual.
Ainda de acordo com o coordenador de RH, as empresas estão oferecendo oportunidades com salários menores justamente para readequar suas finanças, diante da crise, e desta forma, manter-se ativas. “A companhia, para se manter competitiva, precisa remanejar e se adequar à realidade, o que afeta os salários dos colaboradores. Infelizmente, o profissional é a parte mais fraca e, em momentos de crise, diante do expressivo aumento de desempregados, é natural aceitar valor abaixo de sua categoria”, enfatiza.
O tema é árido e envolve diversas questões relacionadas às finanças, projetos de vida e, inclusive, de saúde. Mas cada pessoa deve avaliar suas necessidades e objetivos de vida, e caso seja preciso aceitar emprego com salário menor, Sergio endossa a escolha. “O profissional deve seguir o valor de referência de sua categoria, e pode aceitar uma redução de 10% a 20% do salário e voltar ao mercado”.
Há uma frase dita por Lenin, líder da revolução russa, que ilustra bem a situação e revela a importância de ceder para conquistar e, assim, progredir: “Um passo atrás para dar dois à frente”.