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Poesia de pai pra filho

 

A poesia no Brasil pode ser considerada uma das mais ricas do mundo, haja vista a grande quantidade de poetas famosos no país. E para difundir a poesia e a linguagem literária, a data de 14 de março foi escolhida por um motivo nobre - homenagear um dos maiores poetas brasileiros - Antônio Frederico de Castro Alves. Nascido na cidade de Curralinho (BA), Castro Alves foi considerado um dos mais brilhantes poetas românticos, responsável por uma nova concepção de amor na Literatura.

 

A herança deixada pelos poetas é incomensurável, e pode ser definida pela manifestação mais íntima dos sentimentos. Em outras palavras, a poesia está em quem a sente, em sentido amplo, ela não pode existir sem alguém que a sinta realmente.

 

Foi exatamente esse sentimento que o colaborador Lourenzzo Amaral Dairel Madureira, Consultor Comercial (DF), traduziu ao compartilhar uma poesia elaborada por seu pai, o Sr. José Maria Ferreira Madureira. E o momento não poderia ser melhor, ao receber o prêmio de Melhor Desempenho como Generalista de Literatura do Distrito Federal, durante a 37ª Convenção Comercial, Lourenzzo declamou a poesia que recebera de presente de seu pai. A emoção tomou conta de todos e a poesia você pode conferir neste fragmento de sentimentos do Sr. José Maria, inspirado em poetas como Fernando Pessoa, Thiago de Melo, Guimarães Rosa, entre outros. Aprecie!

 

" Escrevo essa canção por que é preciso,

Se não a escrevo, falho com um pacto que tenho abertamente com a vida.

É preciso fazer alguma coisa para ajudar o homem.

É preciso fazer alguma coisa para ajudar o homem.

Não sei se sinto de mais ou de menos, e seja como for, era melhor eu não ter nascido.

Porque de tão interessante que são todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a roçar, a ranger,

a dar vontade de dar gritos, de dar pulos e de ficar no chão.

Cruzo os braços sobre a mesa, ponho minha cabeça sobre os braços, é preciso querer chorar,

mas não sei como ir buscar as lágrimas, e por mais que eu me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro.

Tenho a alma rasgada sobre o indicador curvo que lhe toca.

O que há de ser de mim?

O que há de ser de mim?

Fizeram um mendigo levantar-se sob o degrau aonde caíra,

Bateram na criança abandonada e tiraram-lhe o pão das mãos,

Oh mágoa imensa do mundo! O que falta é agir.

Somos o que somos, ou o que nos dizemos ser?

Amei e odiei como toda gente, e para toda gente isso foi normal e instintivo, para mim foi sempre a exceção.

Toda raiva de não conter isso tudo, de não poder deter isso tudo...

Oh fome abstrata das coisas, cio impotente dos momentos, orgia intelectual de sentir a vida.

Eu posso me olhar sem medo de me ver!!!

Já decidi não ajudar o engano.

Dói dizer, mas é preciso, poder rir...

Rir desesperadamente como um copo entornado.

Absolutamente doido só por sentir.

Absolutamente roto por me roçar contra as coisas.

Ferido na boca por morder coisas, com as unhas em sangue por me agarrar com essas coisas.

E depois...

Dei-me a cela que quiserem que eu me lembrarei da vida.

Eu sei por que canto!!!

Se raspas o fundo do antigo poço da tua ternura, acharás restos de água que apodrecem.

E é preciso fazer alguma coisa para ajudar o homem.

É preciso fazer alguma coisa para ajudar o homem!!!

Livrá-lo dessa sedução voraz.

Dessa engrenagem fria e organizada, que à todos os devoram a ternura.

O gosto de ser gente, o gosto de ser gente...

E de viver...

Ainda há tempo!!!"

 

Autor - José Maria Ferreira Madureira – pai do colaborador Lourenzzo Amaral Dairel Madureira da Santillana Brasil